Escrito por RON CAPSHAW
27 Dezembro 2015
27 Dezembro 2015
"O importante é
que não se discuta [com os comunistas]… não importa o que você diz, eles
possuem mil maneiras de distorcer suas palavras e rebaixá-lo a alguma categoria
inferior de ser humano: ‘fascista’, ‘liberal’, ‘trotskista’, desqualificando-o
tanto intelectualmente quanto pessoalmente no processo."
A citação acima é de
F. Scott Fitzgerald que — apesar de ter sido ridicularizado por Edmund Wilson
como alguém que tinha talento mas não tinha cérebro — era, talvez, o único
membro da Geração Perdida astuto o bastante para não se iludir com o comunismo.
O modo de atuação que ele atribui aos comunistas de Hollywood na década de 30
passou despercebido durante décadas até reaparecer no meio acadêmico. Nós,
estudantes já formados, vimos isso em ação. Certa vez, fui testemunha de um
estudante questionando um professor por que não havia livros conservadores na
grade curricular para fazer contrabalancear os livros esquerdistas, ao que o
professor respondeu: “porque são todos fascistas”. E assim foi.
Essa tendência é comprovada no estudo de Roger Scruton sobre os “pensadores” da Nova Esquerda —Fools, Frauds, and Firebrands (“Tolos, Fraudes e Agitadores” em tradução livre). Ao levar o leitor a cada um destes pensadores e seus “ismos” em particular — o pós-modernismo de Michel Foucault, o marxismo baseado no protestantismo de Eric Hobsbawm e E. P. Thompson — o resultado final é sempre o mesmo. Todos são impacientes com as imperfeições da civilização ocidental. Todos procuram uma ideologia mais eficiente. Todos se preparam para uma guerra civil, adotando a categorização de classes por seus efeitos explosivos em uma sociedade coesa. Todos eles defendem a justiça de sua causa, apropriando-se de uma linguagem e selecionando palavras de exaltação que expressam sua vaidade moral.
Essa tendência é comprovada no estudo de Roger Scruton sobre os “pensadores” da Nova Esquerda —Fools, Frauds, and Firebrands (“Tolos, Fraudes e Agitadores” em tradução livre). Ao levar o leitor a cada um destes pensadores e seus “ismos” em particular — o pós-modernismo de Michel Foucault, o marxismo baseado no protestantismo de Eric Hobsbawm e E. P. Thompson — o resultado final é sempre o mesmo. Todos são impacientes com as imperfeições da civilização ocidental. Todos procuram uma ideologia mais eficiente. Todos se preparam para uma guerra civil, adotando a categorização de classes por seus efeitos explosivos em uma sociedade coesa. Todos eles defendem a justiça de sua causa, apropriando-se de uma linguagem e selecionando palavras de exaltação que expressam sua vaidade moral.
Deste modo, eles
praticam o maniqueísmo, rotulando de “maus” todos os que se opõem à sua agenda
de “justiça social” com palavras aterrorizantes tais como “capitalistas” e
“fascistas”. Até mesmo aqueles que possuem uma relação muito vaga com o
marxismo, como Foucault, encontram opressão e discórdia na civilização
ocidental. Para Foucault, o próprio conceito de objetividade já é fascista
(verbos por sua vez são construções opressivas).
É nessa área da
linguagem que Scruton identifica o sucesso desses intelectuais no domínio do
meio acadêmico. A exemplo de George Orwell, Scruton descreve como eles
pautam a linguagem do debate e, uma vez que se autoproclamam os defensores da
humanidade, todos os que se opõem a eles são contra a humanidade – ou ervas
daninhas que sufocam o jardim.
Apesar da retórica de
estarem dispostos a confrontar a realidade, Scruton enfatiza que suas
ideologias são criadas para evitar a realidade. Em nenhum lugar isso é tão
nítido quanto na realidade vivida pela União Soviética. Eric Hobsbawm louvava
Lênin por ter libertado os russos do czar e compreendia seus métodos cruéis
pós-Revolução como necessários ao progresso da humanidade. Tal manipulação de
linguagem exige uma omissão dos fatos, como a perseguição e o assassinato de
intelectuais ordenados por Lênin. Vasculhe a obra de Hobsbawm e verá que não há
uma menção sequer sobre o fato de Stalin ter diminuído para 12 anos a idade
mínima para a aplicação da pena de morte.
Estes intelectuais
são tão confiantes de seu poder que entram em estado de choque quando um dos
seus abandona o grupo. E. P. Thompson se sentiu “ferido e traído” quando um de
seus colegas condenou a brutalidade do comunismo no Leste Europeu.
Apesar de todas suas
críticas, o britânico Scruton é tolerante em relação aos pensadores da Nova
Esquerda britânica. Thompson tinha “uma mente investigativa brilhante”. Por não
aderirem à agenda internacionalista, os socialistas britânicos possuem a
“atrativa” qualidade de buscar os interesses de sua terra natal somente. Este
“amor pela terra natal e seu território” torna possível o diálogo sobre pontos
em comum com os conservadores britânicos.
Ao contrário de
muitos conservadores, Scruton não é somente um refutador, mas delineia uma rota
de saída do marxismo. Dá-se pelo Estado de Direito — não por um movimento
revolucionário — em que os cidadãos têm a proteção das instituições enquanto
que tais instituições estão sujeitas à lei e aos seus cidadãos.
O livro de Scruton,
com sua análise sobre os excedentes de commodities e métodos
de consciência, pode ser de difícil leitura. Os desinteressados em discussões
filosóficas sobre o que constitui as realidades de classe podem se perder
no caminho. Porém, aos que queiram ver como – após a implosão do comunismo – a
esquerda inflexível dominou o mundo acadêmico e ainda se mantém nele até os
dias de hoje, o livro pode ser recompensador.
Publicado na National Review.
Tradução: Felipe
Galvez Duarte
Revisão: Hugo Silver
Revisão: Hugo Silver
http://www.midiasemmascara.org/artigos/cultura/16266-2015-12-27-22-18-42.html